quarta-feira, 2 de março de 2011

Introdução de peixes em ecossistemas continentais brasileiros

A introdução de espécies é uma grande ameaça para a conservação da diversidade biológica, e a principal precursora da homogeneização global. Em se tratando de percepção, controle ou erradicação, espécies aquáticas encontram-se entre as mais problemáticas. Neste sentido, os peixes tornam-se graves ameaças, pois são organismos muito disseminados, móveis e de difícil percepção por parte da sociedade. Nas fases iniciais da introdução, peixes não-nativos podem ser considerados ameaças “invisíveis”, pois são menos expostos que a maioria dos organismos introduzidos, principalmente os terrestres. Assim, se torna comum que introduções deste grupo sejam percebidas apenas quando já se encontram em estágios avançados e os danos são irreversíveis. Também é imprescindível se compreender que uma espécie de peixe pode ser considerada não-nativa, numa mesma bacia ou sub-bacia hidrográfica. Isto torna a percepção ou detecção de peixes introduzidos ainda mais complexa no Brasil, devido a suas dimensões continentais e riqueza de ambientes. Aspectos culturais e tempo de introdução contribuem para a “invisibilidade” do problema. Mesmo peixes advindos de outros continentes, como as carpas e tilápias, já se encontram incorporados há tanto tempo no país, que são considerados “nativos” por algumas comunidades ribeirinhas e/ou ignorados pela população. No campo científico o tema das introduções ainda é sub-explorado no Brasil, mas as informações sobre problemas estão crescendo. Nem todas as introduções causam problemas, mas muitas causam. Além dos problemas ecológicos de curto prazo, introduções podem estar causando mudanças que só serão percebidas em longo prazo.  Em vista da magnitude do problema é feita uma revisão sobre o tema com comentários e sugestões de ações prioritárias e urgentes.

Palavras-chave: introdução de espécies, ameaças, espécies não nativas, invasões biológicas, biodiversidade, ecossistemas aquáticos.

The introduction of species is a major threat to the conservation of biodiversity, being the main precursor of a prominent global biotic homogenization. In the case of perception, control or eradication, aquatic species are among the most problematic. In this sense, fish introductions become serious threats because these organisms are very widespread, mobile and of difficult perception and/or detection by the society. In the early stages of introduction, they may be considered "invisible" (e.g. less exposed than the majority of the introduced organisms, especially terrestrial organisms). Thus, it is common fact that introductions of this group of organisms are perceived only when they are already in advanced stages of the invasion process and the damage is irreversible. A species of fish can be considered non-native, even at the level of basins or sub-basins. This makes the perception or detection of introduced fish even more complex in Brazildue to its continental dimensions and rich continental aquatic environments. Often, the cultural aspects and time of release contribute to the "invisibility" of the problem. Even fish coming from other continents, such as carp, tilapia and trout are incorporated in the country for so long that they are considered "native". Even in the scientific field the theme is under-explored in Brazil, but information about problems that may arise from biological invasions is building up. Indeed, not all introductions have catastrophic consequences, but many do. However, we can understand older impacts and detect new ones in the near future if we want to do so.  In view of the exposed, and given the magnitude of the problem, and disproportion in the search for answers, a review of the theme with suggestions for actions is presented.






Retirado do periódico:


Neotropical Biology and Conservation
4(2):111-122, may-august 2009
© by Unisinos - doi: 10.4013/nbc.2009.42.07

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