sábado, 4 de abril de 2015

O QUE FALTA DE ÁGUA NO BRASIL TERIA HAVER COM A BIODIVERSIDADE?

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A crise da água no Brasil ligada à mudança climática levou o governo a

tomar medidas drásticas ("gatilhos Seca

alarmes em maior metrópole do Brasil, "Em

Profundidade, H. Escobar, 20 de fevereiro, p. 812 SCIENCE MAGAZINE),

tais como projetos de transposição de água entre 

bacias hidrograficas naturalmente isoladas, sem levar em conta  a biogeografia

ou biodiversidade aquática. Na cidade de São Paulo,

a maior metrópole da América do Sul,

autoridades aprovaram recentemente um projeto

que irá transferir água do Paraíba

do Sul  para o sistema Cantareira

(1),  bacias hidrográficas que têm biodiversidade aquático distinta

(2). Este desvio de água conduzirá

para uma mistura substancial de organismos

entre ecorregiões, naturalmente separadas e distintas (2), resultando em uma introdução em massa de distintos

organismos, gerando invasões biológicas e 

homogeneização biótica (3). Por sua vez, espera-se

que os serviços dos ecossistemas,

incluindo o fornecimento sustentável de água de qualidade  sofrerá.

Projetos como este, não são ações isoladas

; em zonas semi-áridas (1), por exemplo, está ocorrendo a transposição do Rio São Francisco para diferentes bacias do Nordeste do Brasil (isto é, Bioma Caatinga). As autoridades têm claramente negligenciado ou desconhecem totalmente os riscos

associado com as invasões biológicas (4)

e homogeneização biótica (5, 6). Eles

culpam a mudança climática para a atual

crise da água, mas não reconhecem nem  o fato de

que os seres humanos têm desempenhado papel crítico ultrapassando limites operacionais do planeta ,nem as

consequências negativas da perda de biodiversidade

sobre a humanidade (7).

Em vez de implementar o desvio de água

e transposições, as autoridades locais, estaduais e federais

 deveriam trabalhar juntas para a

sensibilização do público e evitar o desperdício de água,

conservar as fontes de água e PRINCIPALMENTE A BIODIVERSIDADE DE ÁGUA DOCE, e serviços ECOSSISTÊMICOS ESSENCIAIS em centros urbanos e áreas agrícolas , segundo  as metas para 2020 da CBD

(8). Só através do cumprimento dessas metas podemos

garantir um abastecimento de água seguro e constante 

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de forma transparente e sustentável.


REFERÊNCIAS

1. Ministério do Planejamento (www.planejamento.gov.br)
[in Portuguese].
2. R. Abell et al., BioScience 58, 403 (2008).
3. F. J. Rahel, Freshw. Biol. 52, 696 (2007).
4. D. Simberloff, J. R. S. Vitule, Oikos 123, 408 (2014).
5. J. D. Olden et al., Trends Ecol. Evol. 19, 18 (2004).
6. B. Galil et al., Biol. Invas. 17, 972 (2015).
7. J. Rockström et al., Nature 461, 472 (2009).
8. C. Perrings et al., Science 330, 323 (2010).

ADAPTADO DE:

Brazil’s drought: Protect biodiversity

THE BRAZILIAN WATER crisis linked to
climate change has led the government to
take drastic measures (“Drought triggers
alarms in Brazil’s biggest metropolis,” In
Depth, H. Escobar, 20 February, p. 812),
such as water diversion projects to
transpose water between isolated river
basins, without regard for biogeography
or aquatic biodiversity. In São Paulo city,
the largest metropolis of South America,
authorities recently approved a project
that will transfer water from the Paraíba
do Sul catchment to the Cantareira system
(1), watersheds that have distinct aquatic
biota (2). This water diversion will lead
to the substantial exchange of organisms
between separate ecoregions (2), resulting
in a massive introduction of distinct
biodiversity, bioinvasions, and biotic
homogenization (3). In turn, we expect
that biodiversity and ecosystem services,
including the sustainable provision of the
water quality, will suffer.
Projects like this are not isolated
actions; in semiarid zones (1), plans are
under way to transpose the São Francisco
River Basin to different naturally seasonal
basins in northeastern Brazil (i.e., the
Caatinga Biome). Authorities have clearly
neglected or are unaware of the risks
associated with biological invasions (4)
and biotic homogenization (5, 6). They
blame climate change for the current
water crisis, but acknowledge neither the
role humans have played in surpassing
operational limits of the planet nor the
negative consequences of biodiversity loss
on humanity (7).
Rather than implementing water diversion
programs, local, state, and federal
authorities must work together to raise
public awareness to prevent water waste,
conserve aquatic sources and aquatic
diversity, and restore essential ecosystem
services in urban centers and agricultural
areas, according to The CBD 2020 Targets
(8). Only by meeting these goals can we
ensure a safe and constant water supply in
a transparent and sustainable manner.

Jean Ricardo Simões Vitule, E COLABORADORES
PUBLICADO NA REVISTA SCIENCE MAGAZINE
from www.sciencemag.org on March 27, 2015


1. Ministério do Planejamento (www.planejamento.gov.br)

[in Portuguese].
2. R. Abell et al., BioScience 58, 403 (2008).
3. F. J. Rahel, Freshw. Biol. 52, 696 (2007).
4. D. Simberloff, J. R. S. Vitule, Oikos 123, 408 (2014).
5. J. D. Olden et al., Trends Ecol. Evol. 19, 18 (2004).
6. B. Galil et al., Biol. Invas. 17, 972 (2015).
7. J. Rockström et al., Nature 461, 472 (2009).
8. C. Perrings et al., Science 330, 323 (2010).

Divulgando o blog FARMÁCIA MARINHA - BIODIVERSIDADE PODEROSA!


de Raquel Rennó Braga


http://farmaciamarinha.blogspot.com.br/



O Valor da Biodiversidade


Ao longo das três últimas décadas, muitas definições diferentes de biodiversidade têm sido utilizadas. De um modo geral, Biodiversidade ou Diversidade Biológica são sinônimos referentes a todo tipo de variabilidade presente na vida dos organismos que evoluíram no planeta por milênios e que hoje partilham o planeta conosco seres humanos. Aliás, somos frutos desta.

Fotos: arquivo pessoal de Raquel Rennó Braga


 Quando falamos em Biodiversidade podemos nos referir à variabilidade de organismos vivos presentes dentro de um ecossistema incluindo ecossistemas terrestres, marinhos e outros. É importante ressaltar que nós seres humanos, diretamente e indiretamente, dependemos desta Biodiversidade. O mais importante deste conceito, talvez seja, o fato de que a biodiversidade é essencialmente parte fundamental ou sustentadora de uma série de “serviços ecossistêmicos” fundamentais para a existência e qualidade de vida de nós seres humanos como, por exemplo: manutenção da água limpa, polinizações e garantias de alimentos em longo prazo, pesca, mergulho e outros tipos de lazer, controle de pragas e medicamentos, muitos deles ainda não descobertos. A natureza produziu, ao longo dos milênios de evolução da vida no planeta, e ainda produz a grande maioria dos princípios ativos e medicamentos usados na indústria farmacêutica, passada, atual e futura.

Fotos: arquivo pessoal de Raquel Rennó Braga

Para efeitos de análise, valorização detalhada da Biodiversidade e para a criação de indicadores para medir ou monitorar as tendências, a maneira exata como a biodiversidade é definida, vai influenciar no que é medido e o mais importante em minha visão: como a sociedade reconhece efetivamente e valoriza este conceito e sua essência.  Este reconhecimento e a percepção da importância da Biodiversidade pela sociedade, em especial a biodiversidade marinha, é fundamental, pois:

i)   A biodiversidade está sendo perdida a uma taxa alarmante e jamais vista em eventos naturais de extinção geológica, o que de forma real representa um risco para a prestação de serviços ecossistêmicos.
ii)   A biodiversidade pode ser medida através da utilização de indicadores quantitativos, embora não exista nenhuma abordagem unificada.
iii)  A Convenção da Diversidade Biológica prevê um quadro jurídico global para a ação sobre a biodiversidade que é um instrumento fundamental para promover o desenvolvimento sustentável e enfrentar a perda global de biodiversidade.
iv)   A biodiversidade também sustenta o funcionamento do ecossistema e da prestação de serviços dos ecossistemas. 

Creio que a “Famácia Marinha” é valiosa e mais que isso pode ser um instrumento poderoso que fará com que de forma clara a sociedade em geral perceba o poder da nossa biodiversidade que vai muito além de sua beleza cênica. Neste sentido, o número de substâncias com utilidade para nós humanos e seu valor bioquímico e econômico, podem se tornar instrumentos poderosos da valorização de nossa natureza.

Texto escrito por: Jean Vitule  - LEC- UFPR

Laboratório de Ecologia e Conservação, Departamento de Engenharia Ambiental, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, 81531-970, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail:biovitule@gmail.com

Referência utilizadas:
1- Convention on Biological Diversity (1992) Convention on Biological Diversity. Secretariat of the Convention on Biological Diversity, Montreal, Canada
2- Wilson EO (ed) (1988) Biodiversity. National Academy Press, Washington D.C., USA