O QUE FALTA DE ÁGUA NO BRASIL TERIA HAVER COM A BIODIVERSIDADE?
A crise da água no Brasil ligada à mudança climática levou o governo a
tomar medidas drásticas ("gatilhos Seca
alarmes em maior metrópole do Brasil, "Em
Profundidade, H. Escobar, 20 de fevereiro, p. 812 SCIENCE MAGAZINE),
tais como projetos de transposição de água entre
bacias hidrograficas naturalmente isoladas, sem levar em conta a biogeografia
ou biodiversidade aquática. Na cidade de São Paulo,
a maior metrópole da América do Sul,
autoridades aprovaram recentemente um projeto
que irá transferir água do Paraíba
do Sul para o sistema Cantareira
(1), bacias hidrográficas que têm biodiversidade aquático distinta
(2). Este desvio de água conduzirá
para uma mistura substancial de organismos
entre ecorregiões, naturalmente separadas e distintas (2), resultando em uma introdução em massa de distintos
organismos, gerando invasões biológicas e
homogeneização biótica (3). Por sua vez, espera-se
que os serviços dos ecossistemas,
incluindo o fornecimento sustentável de água de qualidade sofrerá.
Projetos como este, não são ações isoladas
; em zonas semi-áridas (1), por exemplo, está ocorrendo a transposição do Rio São Francisco para diferentes bacias do Nordeste do Brasil (isto é, Bioma Caatinga). As autoridades têm claramente negligenciado ou desconhecem totalmente os riscos
associado com as invasões biológicas (4)
e homogeneização biótica (5, 6). Eles
culpam a mudança climática para a atual
crise da água, mas não reconhecem nem o fato de
que os seres humanos têm desempenhado papel crítico ultrapassando limites operacionais do planeta ,nem as
consequências negativas da perda de biodiversidade
sobre a humanidade (7).
Em vez de implementar o desvio de água
e transposições, as autoridades locais, estaduais e federais
deveriam trabalhar juntas para a
sensibilização do público e evitar o desperdício de água,
conservar as fontes de água e PRINCIPALMENTE A BIODIVERSIDADE DE ÁGUA DOCE, e serviços ECOSSISTÊMICOS ESSENCIAIS em centros urbanos e áreas agrícolas , segundo as metas para 2020 da CBD
(8). Só através do cumprimento dessas metas podemos
garantir um abastecimento de água seguro e constante
de forma transparente e sustentável.
REFERÊNCIAS
1. Ministério do Planejamento (www.planejamento.gov.br)
[in Portuguese].
2. R. Abell et al., BioScience 58, 403 (2008).
3. F. J. Rahel, Freshw. Biol. 52, 696 (2007).
4. D. Simberloff, J. R. S. Vitule, Oikos 123, 408 (2014).
5. J. D. Olden et al., Trends Ecol. Evol. 19, 18 (2004).
6. B. Galil et al., Biol. Invas. 17, 972 (2015).
7. J. Rockström et al., Nature 461, 472 (2009).
8. C. Perrings et al., Science 330, 323 (2010).
ADAPTADO DE:
Brazil’s drought: Protect biodiversity
THE BRAZILIAN WATER crisis linked to
climate change has led the government to
take drastic measures (“Drought triggers
alarms in Brazil’s biggest metropolis,” In
Depth, H. Escobar, 20 February, p. 812),
such as water diversion projects to
transpose water between isolated river
basins, without regard for biogeography
or aquatic biodiversity. In São Paulo city,
the largest metropolis of South America,
authorities recently approved a project
that will transfer water from the Paraíba
do Sul catchment to the Cantareira system
(1), watersheds that have distinct aquatic
biota (2). This water diversion will lead
to the substantial exchange of organisms
between separate ecoregions (2), resulting
in a massive introduction of distinct
biodiversity, bioinvasions, and biotic
homogenization (3). In turn, we expect
that biodiversity and ecosystem services,
including the sustainable provision of the
water quality, will suffer.
Projects like this are not isolated
actions; in semiarid zones (1), plans are
under way to transpose the São Francisco
River Basin to different naturally seasonal
basins in northeastern Brazil (i.e., the
Caatinga Biome). Authorities have clearly
neglected or are unaware of the risks
associated with biological invasions (4)
and biotic homogenization (5, 6). They
blame climate change for the current
water crisis, but acknowledge neither the
role humans have played in surpassing
operational limits of the planet nor the
negative consequences of biodiversity loss
on humanity (7).
Rather than implementing water diversion
programs, local, state, and federal
authorities must work together to raise
public awareness to prevent water waste,
conserve aquatic sources and aquatic
diversity, and restore essential ecosystem
services in urban centers and agricultural
areas, according to The CBD 2020 Targets
(8). Only by meeting these goals can we
ensure a safe and constant water supply in
a transparent and sustainable manner.
Jean Ricardo Simões Vitule, E COLABORADORESPUBLICADO NA REVISTA SCIENCE MAGAZINE
from www.sciencemag.org on March 27, 2015
1. Ministério do Planejamento (www.planejamento.gov.br)
[in Portuguese].
2. R. Abell et al., BioScience 58, 403 (2008).
3. F. J. Rahel, Freshw. Biol. 52, 696 (2007).
4. D. Simberloff, J. R. S. Vitule, Oikos 123, 408 (2014).
5. J. D. Olden et al., Trends Ecol. Evol. 19, 18 (2004).
6. B. Galil et al., Biol. Invas. 17, 972 (2015).
7. J. Rockström et al., Nature 461, 472 (2009).
8. C. Perrings et al., Science 330, 323 (2010).
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